sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E Ela Vai Tocar Guitarra!

Na praça de alimentação...

- Quando tu era pequena, tu pensava em como ia ser quando crescer? Coisas de menina... tipo... na tua casa... filhos... coisa assim...
- Hm... sim, pensava sim. Eu sempre soube que vou ser que nem os meus pais quando tiver filhos. Bastante presente. E eu sempre quis ter uma filha ou um filho ruivo. Hehehe...
- Sério? Poxa... que coisa! Hehehe
- Sim, sério. Mas porque tu quer saber?
- Ah, curiosidade... é que normalmente os meninos não pensam nisso...
- É...
- Sim... masssss... eu penso!
- É? Hahaha... então conta.
- Sim. Eu sempre imaginei ter uma filhinha, ruiva claro. E o nome dela vai ser Sofia. Não sei porque, isso sempre me marcou: ruiva, Sofia, com um óculos do tamanho da cara. Bem nerd.
- E sardentinha né?
- Isso, isso, bem sardentinha! Com um cabelo meio franjão, cortado reto na testa. E ela ia ser meio hippie...
- ...e ia usar aquelas bolsas atravessadas, de alça né?
- ISSO! E a bolsa ia ser ecólogica, provavelmente, e cheia de...
- ...BOTTONS! E patchs, claro, toda decorada, e... e...
- (...)
- (...)
- (...)
- (...)
- ...E ELA VAI TOCAR GUITARRA!
- ...E ELA VAI TOCAR GUITARRA!
- Hahaha...
- Hahaha... ai ai
- Hehe... ai... eu acho que a gente conhece alguém muito parecido, pra dar exemplos tão perto assim.
- É. Ou não né.
- Ou não.
- É.
- É.
- (...)
- (...)
- Vamo comê alguma coisa?
- VAMO! Gentsch, achei que tu não ia falar isso nunca!


Nando Reis é ruivo e é pai de uma Sophia. Sam não tem nada a ver com isso.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Eu Quero O Teu Couro

(Fechando a trilogia do "Episódio 1: O Pedido de Namoro" e "Episódio 2: Jantar na Casa Dela")

Saindo do estacionamento depois de largar o carro, um homem o aborda no meio do caminho e o cumprimenta:

- Samuel?
- Ooie, sim, sou eu.
- Eu quero teu couro, Samuel.
- P-P-Porque?
- Tu tá namorando a minha sobrinha - respondeu, sorrindo.

Episódio 3: Nada como Conhecer o Resto da Família Dela.

domingo, 19 de setembro de 2010

Tenho Que Tentar Isso Mais Vezes

[0h23min, deitados na cama no quarto dela]

- Tu vê... - ele disse - há um mês e pouco eu era só um cara te dando oi num bar...
- Pois é...
- E agora, tô aqui... deitado na tua cama no teu quarto contigo!
- Verdade! Legal né?
- Muito! Tenho que tentar isso mais vezes...

BAAAAMMM!

[0h24min, ela deitada na cama, ele no chão do quarto dela]

Sam perde a namorada mas não perde a piada

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Beijo da Mulher-Aranha

4h15min: Tu ia achar muito estranho se as coisas acontecessem mais rápido do que em dois meses?
4h16min: Como assim... mais rápido?
4h16min32s: Assim... mais rápido do que o normal.
4h17min: Mas... que coisas? E não entendi o mais rápido ainda. E o que tu quis dizer com...
4h17min10s: [Põe o indicador nos lábios dela. Ela pára de falar.]
4h18min: Quer namorar comigo?
4h18min10s: [Deixa ela falar.]
4h18min20s: Sim.
4h18min21s - 4h20min37s: [Pedido de namoro aceito com sucesso. Minutos de detalhes sórdidos.]
4h20min38s: Até que enfim né!
4h20min39s - 4h22min43s: [Mais minutos de detalhes sórdidos.]
4h22min44s: Tá... eu tenho que ir pra casa mesmo.
4h22min45s: Tá, já te levo. Só vamos tentar fazer uma coisa antes.
4h22min46s: [Tentativa de imitar o beijo do Homem-Aranha e da Mary Jane realizada.]
4h22min47s - 4h23min: [Tentativa realizada sem muito sucesso.]
4h24min: Hm... [cabeça pra baixo] É... acho que tá na hora de ir pra casa mesmo.

Face it tiger... you just hit the jackpot.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Uma Arte

A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

— Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.

Vi primeiro aqui. Não costumo postar aqui coisas que não sejam minhas, mas sei lá... caiu bem num momento interessante. Porque a gente tem que se permitir perder também. Não se ganha sempre, afinal...

Sam é dramático.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Permissão

E a palavra de ordem é permissão.

Permitir-se amar, seja amar demais, amar de menos, amar de se amarrar, amar de se odiar...

(porque ódio ainda é quase-amor)

Permitir-se segurar a mão de alguém tão forte a ponto de não querer deixar ela ir...

(e permitir ela ir, porque se é pra ela ir ela vai e se é pra ela voltar ela volta e se... e se?)

Permitir que o universo seja do jeito que ele é, porque se foi entregue assim era pra ser assim.

E afinal o que são nossas permissões mundanas perto do universo?

Permitir que o aplicativo funcione.
Permitir que o banco envie outro cartão.
Permitir que o outro passe na nossa frente no trânsito.

(aliás, permita no trânsito, gentileza é tudo)

Permitir que os nós dos dedos seus apertados aos nós dos dedos dela representem o que vocês são agora para... nós.

(já que quando dois "eus" se unem eles viram "nós" e não mais "sós", não?)

Permitir, permitir, permitir...

Permitam-me me retirar.

Sono, sabe?

(não sei quem foi que permitiu isso)

Estamos em obras para melhor atendê-los.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Las Vegas

A falta do teu
Sorriso largo
Deixou o meu
Sorriso amargo
E a falta do teu
Cheirinho bom
Faz parecer
Mesmo no verão
Que é sempre inverno por aqui

A falta da tua
Risada sincera
Deixou a minha
Risada na espera
Do teu sorriso
E do abraço apertado
E eu esperei
E fui derrotado
E é sempre inverno por aqui

Um dia ainda te levo
Pra um lugar onde o tempo não passa
A gente conversa, se entende
Vai pra Las Vegas e casa
Desisti de você muito fácil
E o que eu faço não faz diferença
Agora só resta olhar pra porta
E tentar sair com decência

Na minha cabeça, uma música pronta. Na de vocês...?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Apartamento 202

O apartamento 202 era um lugar mágico.

Coisas diferentes, estranhas e divertidas aconteciam lá. Eram acontecimentos tão únicos, que beiravam os limites das pessoas, que excediam os padrões de comportamento delas, que as encorajavam a fazer coisas tão novas e absurdas para elas mesmas, que tudo que acontecia no apartamento 202 ficava no apartamento 202.

E essa é a razão pela qual esse conto é tão curto.

Fim.

Sam curtia sacanear seus leitores.
Uma legítima "puta falta de sacanagem" (by Natie)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

The Airplane Song

Sentou do lado dela e desandou a falar.
- Você vai embora?
- Vou.
- Pra onde?
- Pra longe.
- E longe é perto?
- Não. Longe é longe.
- E você vai porque?
- Porque preciso.
- “Viajo porque preciso, volto porque te amo”.
- Isso parece frase de caminhoneiro.
- E é.
- E você esperava conseguir alguma coisa com essa frase?
- Te arrancar um sorriso.
- Se você precisa “arrancar” coisas de mim pra ser feliz, então eu preciso ir mesmo.
- (...)
- (...)
- Ir por ir é burrice. É fugir dos problemas.
- Não to fugindo. Só preciso pensar neles.
- (...)
- (...)
- É covardia.
- É altruísmo. Uma chance pra cada um viver sua vida sem o peso um do outro.
- Então você está simplesmente tirando um peso da sua vida? Eu sou o que, bagagem?
- Nesse momento, você é um mala.
- (...)
- (...)
- Foi algo que eu fiz?
- Não.
- (...)
- (...)
- Foi algo que eu não fiz?
- Não.
- (...)
- (...)
- Foi algo que eu falei?
- Não.
- (...)
- (...)
- Foi algo que eu deixei de falar?
- Hm...
- VOCÊ HESITOU! EU VI, VOCÊ HESITOU! VOCÊ PAROU PRA PENSAR!
- E talvez você devesse fazer o mesmo...
- (...)
- Me escuta: nem sempre a palavra certa na hora certa é o melhor a se fazer. A palavra espontânea no momento inesperado tem muito mais valor. Ok, eu sei que é bonito saber que você me ama enquanto observamos o nascer do sol invadir as folhas das árvores no outono, tendo de trilha sonora o canto matinal dos passarinhos, numa cena digna de um filme da Disney. Mas eu quero ter certeza que você ainda vai me querer quando eu chegar em casa do trabalho toda molhada e mal humorada porque caiu uma chuva filha da puta no caminho e o meu guarda chuva quebrou e eu tive que pegar um ônibus porque não tinha dinheiro pro táxi e, claro, estou de TPM, entendeu?
- Quem me dera eu saber disso antes...
- Eu não sabia, eu aprendi. E talvez você não precisasse saber. Quem sabe seja esse o meu papel no nosso relacionamento: ser a garota altruísta que vai ajudar você a descobrir como ser você mesmo.
- E o meu papel, qual será?
- Eu realmente espero que você seja o cara altruísta que vai me fazer sorrir quando eu chegar puta da cara em casa, sem precisar arrancar nada de mim, a não ser... isso que você está pensando neste exato momento nessa sua cabecinha suja.
- Parece um bom papel a ser executado.
- Senhores passageiros, última chamada para o vôo 514 com destino a Lon...
- É o meu vôo. Eu tenho que ir.
- Não! Já?! Você já tem que ir?! Eu achei que você ainda ia comprar a passagem... esperava fazer você mudar de opinião.
- Eu comprei a passagem há 35 minutos atrás. Você não acha realmente que eu ia deixar você mudar os meus planos de última hora, não?
- Eu sabia que nunca devia ter te emprestado os meus quadrinhos... mas assim, tão rápido? Agora que a gente tá se entendendo?
- Querido, a gente nunca se desentendeu. Lembre-se que há sempre o futuro. E quanto mais
rápido eu for... mais rápido eu volto.
Levantou-se do lado dele e pôs se a caminhar.
- Vou torcer pra que esteja chovendo quando você voltar.
Ela sorriu.
Ele ficou orgulhoso.


Já estava executando o seu papel.


She's so extraordinary
She left last january
And that's the reason I miss you so...
(Scouting For Girls - The Airplane Song)

Sam precisa viajar.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Seu Valor

- E aí, você conhece ela?
- Conheço.
- Gata né?
- Aham. E muito gente boa.
- Me apresenta ela?
- Hm... não tenho tanto contato com ela assim. E a gente não faz o tipo dela.
- E qual é o tipo dela?
- Ela curte mais aqueles carinhas magrelos, jeans skinny, cabelinho desarrumado, meio indie, sabe?
- Hm, sei... enfim.
- (...)
- (...)
- E essa aqui? Conhece?
- Sim. Mas ela também não curte o nosso tipo.
- O que ela curte?
- Aqueles gurizinhos com franja, meio tímidos, meio misteriosos, saca? Elas acham um charme eles parecerem não ter jeito com garotas e tão loucas pra descobrir se isso é verdade. E eles curtem praia. E esportes. E são magros.
- Hm... pelo visto não são eles que não tem jeito com garotas...
- (...)
- (...)
- AQUI! E essa aqui? Bah, essa aqui certo que curte caras como a gente!
- Ahnnn...
- Não vai me dizer que...
- Hm, hm...
- PUTAQUEOPARIU.
- Essa aqui curte caras mais velhos. Daqueles que tem mais grana, sabe? Que saem com os amigos cada um no carro chique que ganhou do pai, pagam 40 reais de entrada morto nas festas e baixam litrão até de madrugada. E usam relógio de pulso.
- Eu tô indignado cara! SÉRIO. Tô começando a achar que o problema é com a gente! Nenhuma guria vai gostar de dois caras fudidos, gordinhos, que só tomam cerveja porque é barato e só vão em bar que não paga entrada. E pra piorar, NOSSO CARRO É POPULAR.
- Ah, mas pelo menos tem rádio. E a gente tem bom gosto.
- Ah, cala a boca...
- (...)
- (...)
- É... na real, eu acho que pra gente se dar bem com elas, elas teriam que descobrir o nosso valor.
- É a gente sabe qual é “o nosso valor”?
- (...)
- (...)

Ambos morreram solteiros.

Sam está baratinho.

terça-feira, 8 de junho de 2010

[Curtas] Lista, Janela e Poesia de Máquina

Acordou cedo.

Foi ao banheiro, olhou-se no espelho, esfregou os olhos, lavou o rosto, coçou a barba e voltou pra cama.

Sentou na cama desarrumada, pôs os pés sobre as pantufas, pegou uma folha em branco e uma caneta.

"Hoje vou começar a corrigir minha vida", pensou. Escreveu bem grande no topo da folha:

COISAS A FAZER PARA MELHORAR MINHA VIDA

Escreveu o primeiro item, bocejou e voltou pra cama.

A folha caiu suavemente no chão no meio do quarto.

O primeiro item?

"Dormir mais".

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Desde que tinha se mudado para a casa nova, seu quarto era metade escuro e metade claro. A culpa era da janela, que apesar de grande, só abria de um lado. O outro lado, meio enferrujado talvez, ou mal feito mesmo, abria até a metade, rangia, grunhia, e não abria mais. Mas ele não se importava.

Considerava aquela janela semi-aberta como um sinal de que devia ver a vida diferente. Lembrou-se de Odin, patriarca da mitologia nórdica, que na ânsia pelo conhecimento total olhou para o Poço da Sabedoria. Sabendo que poderia ficar cego se fizesse aquilo, Odin tapou um olho e sacrificou o outro.

(Lembrava-se da história assim. Ou pelo menos havia aprendido nos Cavaleiros do Zodíaco assim)

Assim, Odin ganhou a sabedoria plena, mas nunca enxergaria o mundo de forma completa com ela. Considerava então aquela janela semi-aberta um aviso: por mais belo que seja o mundo que você enxerga da sua janela aberta, há sempre algo que você não poderá ver, no lado que você não conseguirá abrir.

Viveu a partir dali a vida de forma plena, aproveitando sua sapiência recém-adquirida, julgando a tudo e a todos sempre observando os dois lados da moeda e nunca deixando seus preconceitos avaliarem uma situação de forma errônea e apressada. Viveu assim até o dia em que aconteceu uma tragédia...

Seu pai consertou a janela.

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Escreva
Tire de você e jogue numa folha, numa tela, num arquivo
É uma forma de se auto-medicar
Todo poeta sofre suas letras
Suas rimas, são-lhe lágrimas
Por isso é poesia o que do mais se destaca
A arte, nasce dos sentimentos...
O resto, é só técnica
E técnica
É poesia de máquina

(autoria do chefe, confessionada via MSN)

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Sam curtia o que seu chefe escrevia.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ghostbusters (ou Aquele das Frases Prontas)

O bar estava cheio. Sentou do lado dela:

- Oi.
- Oie.
- Então... bar cheio né.
- Pois é.
- ...
- ...
- ...
- ...
- Um ano já.
- Do quê?
- Que a gente se conheceu. Aqui.
- Sério? - ela pensou - faz tempo.
- Pois é.
- (suspiro)
- (silêncio)
- (suspiro)
- E quanto tempo desde...
- (EUFORIA!)
- ...quanto tempo desde que a gente... terminou? - ela perguntou.
- Hm - ele pensou - Não lembro direito. (78 dias, 14 horas e sete minutos)
- Hm. Nem eu.
- ...
- ...
- ...
- ...
- Sabe... eu tava lendo... casais que não esperam muito um do outro tem mais chances de dar certo, sabia?
- É? - ela franziu a testa e juntou as sombrancelhas, como sempre fazia quando ele tocava no assunto desde que terminaram - e aí?
- Eu tava pensando... a gente não tem mais muito o que esperar do outro de novidade. Quero dizer... eu já sei que você beija bem para caramba e você já sabe o que esperar dos meus... braços, sei lá.
- Hehehe... pois é - sorriu.
- E você já sabe a sensação da minha mão passando os dedos no seu cabelo e eu já sei a sensação de você me abraçando forte e me segurando forte e...
- Hm... continue - respondeu interessada
- ...e claro, naturalmente, eu já sei que você volta e meia é uma louca surtada que vai sumir e não vai dar notícias por uma semana e você já sabe que eu sou completamente problemático em relação a atenção e carinho e...
- Hmmmm...
- ...e eu não devia ter dito isso né?
- Hm-Hm... - respondeu negativa
- Mas que puxa... eu nunca falo a coisa certa.
- ...
- ...
- ...
- (desolado)
- (querendo mais uma cerveja)
- Sabe...
- (querendo se matar)
- Eu ainda sei várias frases clichê de filmes românticos. Se isso ajudar em alguma coisa...
- Ha... - ela sorriu - você pode sempre tentar.
- Ok - pigarreou, limpou a garganta e disse - eu vejo quinze pares de olhos todo manhã, mas o meu dia não começa de verdade antes de ver os seus.
- Essa você pegou de um filme de oculista né...
- Eu não me importo... - continuou sem notar a resposta dela - ...com quem você chega na festa, desde que você saia dela comigo.
- Melhorou.
- Você... - levantou e pegou ela pela mão - ...você me faz querer ser um homem melhor.

Ela se emocionou pela primeira vez na noite. O volume da música no lugar aumentou. O clima no bar esquentou. O tempo parou. Pôs a mão dela junto ao seu peito e a puxou para perto. Segurou-a firmemente com a outra mão pela cintura. Ouviu a respiração dela bem baixinho. Sussurrou no seu ouvido suavemente.

- Who you gonna call... ghostbusters...

Ela soltou uma risada sincera. Os dois se olharam e sorriram. Ele ia começar a falar novamente, mas ela levantou a mão e pediu para ele parar...

- Não, não precisa. Você me ganhou no "oi".

Ele sorriu. Ela havia entrado na brincadeira. Mas faltava um último teste.

- Eu te amo - disse ele.
- Eu sei - ela respondeu.

Realmente, haviam sido feitos um para o outro.

Sam curte Ghostbusters. E frases prontas.

sábado, 15 de maio de 2010

Eu Estarei No Portão

Por trás destes óculos de aro grosso
Você sabe que se esconde um bom moço
Por trás desta minha pinta de bacana
Garota eu não minto
Eu não tenho grana

Por trás desta minha roupa descolada
Garota eu não minto, ela é usada
O meu guarda roupa legal é todo do brechó
Eu não tenho grana mas peço
Tenha dó

Mas a verdade é que você
Não quer ter nada comigo
Eu entendo, tudo bem
Eu até tenho uns dois amigos
Mas é com você que eu
Queria acordar de manhã
Enquanto eu tomo café
E você suco de maçã

Eu entendo muito bem
Que faço o tipo arrumadinho
Mas confesso que ao seu lado
Eu ficaria bonitinho
Então se um dia você quiser
Fazer uma boa ação
Pode passar lá em casa...

...eu estarei no portão

Composta em uma manhã no mar nesse último verão. Tudo a ver.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Confetes

Me acorda ao meio dia
Com um beijo de bom-dia
Que eu te acompanho
Até a mesa pra almoçar
No meio do caminho a gente para
Você olha pra minha cara
Diz o quanto me ama
Eu digo sim pra confirmar

De tarde a gente aproveita o frio
Assisti um filme que já viu
Comendo pipoca debaixo do cobertor
Só pra ficar mais perto ainda
A noite, a luz de velas
A lua e as estrelas tão belas
Eu declaro meu amor
E repito que você tá linda

A gente se lembra dos tempos de colégio
E acha aquilo tudo um tédio
A gente até que conversava
Mas era tudo tão comportado
Mas o tempo sempre voa
E a gente cansou de ficar a toa
E hoje damos risada
Daquele tempo calado

Hoje nós olhamos pra frente
Com o espírito adolescente
Que uniu a gente
Eu ainda não tenho a barba feita
E você ainda não se acha perfeita
Mas o que importa é o que a gente sente

Antiga. Mas bem queridona ainda.

domingo, 18 de abril de 2010

Sentido(s)

Sentiu o cabelo dela em suas mãos.

Passou os seus dedos por eles, da cabeça até a ponta do último fio. Fez questão de perder alguns minutos naquele vai e vem. Foi o melhor tempo perdido que já teve.

Tocou a sua pele. O seu rosto. O seu queixo. Permitiu-se uma certa intimidade e subiu a ponta de seus dedos até os lábios dela. Macios. Vermelhos. Vivos.

Trancou a sua respiração para ouvir a dela. Era o som da calmaria. Era como se a tempestade já tivesse passado, deixando o que restou de melhor para ele.

Respirou fundo. Sentiu o seu perfume. Duas, três vezes. Encheu seus pulmões com a essência dela. Era o melhor aroma que já sentiu.

Chegou a um nível de intimidade tão grande que podia sentir que cada célula do seu corpo estava intimamente conectada a cada célula do corpo dela.

Olhou para ela. Linda. E a cada dia ficava mais ainda. A cada novo detalhe que ele enxergava nela, era uma nova mulher para ele aprender a amar todo dia mais uma vez.

Resolveu beijá-la. Sentir o seu gosto. Inclinou a cabeça em direção ao seu rosto.

Então infelizmente lembrou que estava sozinho.

A escuridão do quarto caiu como uma pedra.

No final das contas, só faltou ela ali.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O Namoro Perfeito

Buscou ela em casa. Foram até o shopping. Caminharam, conversaram, fizeram compras. Falaram sobre deus e o mundo. Discutiram o universo. Sorriram.

Olharam vitrines. Compraram roupas. Opinaram um nas escolhas do outro. Resolveram falar mal dos outros que também estavam comprando roupas. Sorriram.

Foram jantar. Comida gordurosa ou saudável? A mais barata. Gastaram do mesmo jeito. No fim de tudo, sobremesa. Ela sujou o queixo. Ele limpou. Sorriram.

Foram no cinema. Comédia romântica, sempre. Ou um drama. De qualquer modo, refletem sobre tudo e todos. Comparam situações. No final, como sempre, sorriram.

Voltaram pro carro. Conversaram um pouco. Curtiram o silêncio do estacionamento. O silêncio do carro. O silêncio que o mundo ficou para os dois curtirem o silêncio um do outro. Sorriram.

Ele ligou o carro. Saíram do estacionamento. Cruzaram a cidade. A noite acabou.

Deixou ela na porta da casa do seu namorado.

Sorriram.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Well... Hello There

É... um blog novo. Como se eu tivesse bastante tempo livre.

(Mas enfim... eu tenho, todo mundo sabe disso. E se eu não tenho eu arranjo.)

(Credo, como eu minto mal.)

Então... como diz o título... contos hã?

(É... contos. Eles sabem ler, idiota)

(Isso são frases soltas. Sorry.)

Resumindo, é por isso que agora tenho outro blog. Muita coisa pra pensar, pouco lugar pra escrever. Já escrevi contos lá no Cometa Diário , alguns foram bacanas e comentados, outros não, então, pra não misturar as coisas, vou começar a fazer isso por aqui. Não garanto atualizações imediatas, não garanto qualidade, logo, também não peço comentários. Mas claro... sintam-se em casa.

E a propósito: o nome do blog é Contos do Cometa, mas não o apelidem de CO-CO.

(Sim, se eu não tivesse dito isso, vocês nem iam perceber)

Brigado

=)

Sam